Conta a tradição que a cidade do Porto foi fundada
no ano 417 da nossa era. Pelo espaço de três séculos experimentou três
diferentes possuidores: os suevos, que a fundaram; os godos que a conquistaram;
e os mouros que dela se senhorearam até ao reinado de Afonso I de Leão.
Durante a vigência moura, a igreja de Cedofeita foi
o único templo cristão da área de jurisdição sarracena em que, sem qualquer
interrupção, sempre se celebrou o santo sacrifício da missa, mediante um tributo
que os cónegos pagavam às autoridades mouriscas. Esse consentimento foi dado
através de uma Carta de 'Jusgo', palavra cujo sentido remetia para 'Justiça Perfeita', 'Observância total das leis', 'Igualdade',
'Sossego', 'Paz'.
Era do seguinte teor a referida "Carta de Jusgo":
«Abdelassis Abhrem Mahomet, por illah illalah
senhor da cidade do Porto, e da gente da Nazareth, pela qual ordeno que os
Presbíteros e Christâos do Mosteiro de Cedofeita que morão junto à dita cidade do
Porto, e seu mosteiro possuão os seus bens em paz e quietação sem opressão,
vexame. ou força dos Sarracenos; com a condição que não digão Missas senão com as
portas fechadas e não toquem as suas campainhas; e paguem pelo consentimento 50
pesantes de boa prata anualmente e pos-são
sair e vir à cidade com liberdade e quando quizerem, e não vão fora das terras
do meu mando sem meu consentimento e vontade; assim o mando; e faço esta carta de salvo conduto, e a dou ao dito
Mosteiro para que a possua para seu sossego...».
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