segunda-feira, 18 de junho de 2012

Igreja de São Martinho de Cedofeita: missas garantidas com salvo conduto



Conta a tradição que a cidade do Porto foi fundada no ano 417 da nossa era. Pelo espaço de três séculos experimentou três diferentes possuidores: os suevos, que a fundaram; os godos que a conquistaram; e os mouros que dela se senhorearam até ao reinado de Afonso I de Leão.

Durante a vigência moura, a igreja de Cedofeita foi o único templo cristão da área de jurisdição sarracena em que, sem qualquer interrupção, sempre se celebrou o santo sacrifício da missa, mediante um tributo que os cónegos pagavam às autoridades mouriscas. Esse consentimento foi dado através de uma Carta de 'Jusgo', palavra cujo sentido remetia para 'Justiça Perfeita', 'Observância total das leis', 'Igualdade', 'Sossego', 'Paz'.

Era do seguinte teor a referida "Carta de Jusgo":
«Abdelassis Abhrem Mahomet, por illah illalah senhor da cidade do Porto, e da gente da Nazareth, pela qual ordeno que os Presbíteros e Christâos do Mosteiro de Cedofeita que morão junto à dita cidade do Porto, e seu mosteiro possuão os seus bens em paz e quietação sem opressão, vexame. ou força dos Sarracenos; com a condição que não digão Missas senão com as portas fechadas e não toquem as suas campainhas; e paguem pelo consentimento 50 pesantes de boa prata anualmente e pos-são sair e vir à cidade com liberdade e quando quizerem, e não vão fora das terras do meu mando sem meu consentimento e vontade; assim o mando; e faço esta carta de salvo conduto, e a dou ao dito Mosteiro para que a possua para seu sossego...».

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